El Niño traz ameaça significativa para a agricultura global

Time de Redação
May 13, 2025
5 min read

O fenômeno climático El Niño, que deve retornar no segundo semestre de 2023, deve

ampliar os efeitos das mudanças climáticas. É provável que a região da Índia-Pacífico sofra forte calor e seca a partir do quarto trimestre, e o impacto do El Niño no setor agrícola será particularmente visível em 2024, já que o rendimento das commodities depende muito das condições climáticas (calor, chuva).

As previsões da Coface - seguradora de crédito mundial e parceira da Fairfield BR -  apontam para grandes incertezas para algumas commodities agrícolas (cereais, açúcar, óleo de palma, frutas cítricas) no médio prazo e riscos significativos para a segurança alimentar em certas regiões do mundo.

O  El  Niño é  um  fenômeno  oceânico-atmosférico  cujas  origens  estão  nas  variações  anormais  das  temperaturas  das  águas  superficiais  no  Pacífico  Central  e  Oriental  (costa  latino-americana).  Compreende  dois  fenômenos  opostos  (La  Niña  e  El  Niño)  que historicamente  ocorrem  a  cada  2  a  3  anos.  La  Niña  traz  um  clima  mais  frio  e  úmido,  enquanto  o  El  Niño  traz  um  clima  mais  quente  e  seco.

Este El  Niño  está  ocorrendo  menos  de  um  ano  após  o  último  episódio  de  La  Niña,  muito  mais  rápido  do  que  as  frequências  históricas.  Isso  sugere  um  aumento  na  frequência  desse  tipo  de  fenômeno  climático,  que  pode  ter  consequências  danosas  a  longo  prazo.

De  fato,  os  distúrbios  climáticos  do  El  Niño,  que  afetam  toda  a  região  do  Indo-Pacífico,  levam  a  ondas  de  calor  e  secas.  O  El  Niño  tende,  portanto,  a  amplificar  os  efeitos  negativos  das  mudanças  climáticas  na  Ásia-Pacífico,  África  do  Sul  e  Leste  

e  nas  Américas.  Europa,  Oriente  Médio  e  Norte  da  África  são  poupados  pelo  fenômeno.

Regiões-chave  para  a  agricultura  global  e  cadeias  de  valor  agroalimentar  sob  pressão

O Brasil  (maior  produtor  mundial  de  cana de açúcar,  soja,  café  e  laranja),  Índia  (2º maior produtor  mundial  de  arroz,  trigo,  cana de açúcar  e  batata),  Indonésia  (maior produtor  mundial de  óleo  de  palma,  e 3º maior produtor  de  arroz)  e  Austrália  (4º  maior produtor  mundial  de  cevada  e  colza)  estarão  particularmente  expostos ao fenômeno  e   provavelmente sentirão sua  produção  agrícola  cair.

As  colheitas  mais  fracas  exercerão  pressão  sobre  as  cadeias  de  valor  agroalimentar  como  um  todo  e  é  provável  que  2024  seja  um  ano  de  extrema  tensão  entre  a  oferta  e  a  procura  para  o  setor.  

De  fato,  as  interrupções  terão  um  impacto  negativo  na  produção  dos  principais  países  exportadores  (Austrália,  Brasil,  EUA)  e  nos  pontos  demograficamente  mais  quentes  que  supostamente  são  autossuficientes  em  alimentos  (China,  Índia).  A  pressão  sobre  a  oferta  será,  portanto,  dupla.

Sem  surpresa,  os  preços  dos  alimentos  devem  subir  em  2024.  O  exemplo  do  Sudeste  Asiático  é  uma  ilustração  relevante  disso.  Vários  episódios  de  El  Niño  nos  últimos  20  anos  geralmente  levaram  a  pressões  inflacionárias  sobre  os  preços  dos  alimentos  na  região.  O  arroz,  que  responde  por  60%  do  consumo  interno  de  cereais  na  região,  é  muito  vulnerável  aos  efeitos  do  El  Niño,  enquanto  sua  cultura  de  uso  intensivo  de  água  provavelmente  sofrerá  com  os  baixos  níveis  de  chuva.  Além  disso,  o  peso  dos  alimentos  nos  índices  regionais  de  preços  ao  consumidor  é  significativo  (cerca  de  40%),  gerando  temores  de  um  aumento  da  inflação  no  médio  prazo.

As  dificuldades  de  abastecimento  e  o  aumento  dos  preços  dos  alimentos  aumentam  o  risco  de  instabilidade  social  e  política  nas  economias  emergentes.

Os  países  onde  o  setor  agrícola  é  predominante  podem  sofrer  perdas  significativas  de  renda  e  emprego.  Por  exemplo,  a  Indonésia,  onde  a  agricultura  responde  por  13%  do  PIB  e  32%  dos  empregos,  pode  ser  duramente  atingida  pelo  impacto  negativo  do  El  Niño  na  produção  de  arroz  e  óleo  de  palma.  A  médio  prazo,  o  país  enfrentará  também intensas decisões políticas:  estão  marcadas  as  próximas  eleições  gerais  indonésias  presidenciais,  legislativas  e  senatoriais.

Fonte: COFACE

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