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Quas as perspectivas da balança comercial brasileira com as políticas de Trump?

Foto do escritor: Fairfield BRFairfield BR

A balança comercial brasileira encerrou 2024 com um saldo positivo - diferença entre importações e exportações - de US$74,55 bilhões, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), uma queda de 24,6% em relação ao ano anterior, quando foi registrado um recorde de US$ 98,8 bilhões.


Segundo especialistas, os números deste ano dependem de variáveis difíceis de prever, como a relação comercial com os Estados Unidos.

 

Com a posse de Donald Trump como presidente americano na última segunda-feira, 20, há uma expectativa sobre os anúncios para a economia do país e os resultados da balança comercial brasileira passam pela extensão dessas medidas que devem ser anunciadas em breve pelo governante.

 

Os Estados Unidos são nosso segundo maior parceiro comercial, atrás apenas da China. Para se ter ideia, o Brasil importou cerca de US$ 40 bilhões dos Estados Unidos no ano passado. Isso representa pouco mais de 15% do total das nossas importações. As exportações também alcançaram US$ 40 bilhões em 2024, representando cerca de 12% do montante total. “Qualquer alteração nas condições comerciais, que são as promessas do Trump, tende a afetar nossa balança comercial, para o bem e para o mal, a depender das medidas que forem tomadas”, diz Cristiane Quartaroli, economista do Ouribank entidade parceria da Fairfield BR.

 

Em 2024, houve crescimento nas vendas para os Estados Unidos, de 9,2%, mas ainda não é possível traçar um cenário de continuidade do avanço para este ano. “Ainda não sabemos ao certo quais serão os esses impactos, já que não houve nenhum anúncio oficial. A posse dele é recente e a questão das barreiras tarifárias, que ele vem mencionando ao longo de toda a campanha, ainda não foi esclarecida”, diz a economista. 

 

A promessa de Trump de adotar novas políticas com foco no protecionismo dos Estados Unidos, ou seja, aumentando tarifas para as importações tende a trazer mais inflação. “A lógica por trás disso é direta. Ou seja, as tarifas mais altas tendem a reduzir a oferta de produto, o que pode levar a aumento de preço”, afirma Cristiane.

 

Para ela, esse é um dos principais desafios porque pode gerar inflação especialmente nos países emergentes. “A questão protecionista americana também pode acabar aquecendo a economia local e gerar mais inflação interna. Isso também acaba afetando de forma negativa os países emergentes, principalmente na questão da taxa de câmbio”, diz a economista. Ela destaca que se os Estados Unidos tiverem que voltar a subir os juros, isso tende a atrair fluxo de capital para o país, o que acaba pressionando ainda mais as moedas das economias menos estabelecidas. 

 

Previsões para a balança comercial

 

Segundo o ex-secretário de Comércio Exterior do Brasil, Welber Barral, a projeção é de um saldo positivo acima de US$ 60 bilhões em 2025, mas com aumento no volume de importação novamente. Para ele, se a moeda americana se mantiver em um patamar elevado, como atual, as exportações brasileiras devem ser beneficiadas. 

 

No entanto, ele concorda que há um cenário de incertezas para o mercado externo diante das promessas de medidas protecionistas de Trump. Caso o país retraia suas compras, automaticamente o mundo estará a procura mercados alternativos e haverá uma mudança na economia global. 

 

Diante das incertezas, o MDIC prevê que o saldo da balança comercial este ano ficará entre US$ 60 bilhões e US$ 80 bilhões, com aumento da safra agrícola e maior oferta de bens exportáveis. As importações devem atingir entre US$ 260 bilhões e US$ 280 bilhões, enquanto as exportações devem somar de US$ 320 bilhões a US$ 360 bilhões.


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