Possuir uma velhice tranquila, sem estar dependente dos familiares ou da previdência ofertada pelo Governo Federal pode parecer algo distante, mas é muito mais simples do que se imagina.
Além desse benefício em específico, das garantias de ter um bom montante de dinheiro, também se mostram atrativas a possibilidade de colocar beneficiários, sem que esses precisem realizar inventário para receber a quantia, e também ganhos fiscais.
O consultor financeiro Antônio Carlos Gomes Junior diz que a previdência privada pode ser encarada como um presente para o “eu” do futuro. “Dentro da previdência privada você impõe um objetivo, ‘eu desejo me aposentar aos 65 anos – por exemplo – e ter a quantia x de dinheiro para viver tranquilamente, sem trabalhar ou trabalhando menos’.”
Antônio explica que o tempo é o principal fator para determinar o quanto deverá ser investido para alcançar o valor desejado na hora de se aposentar. “Se o pai começar a guardar dinheiro para a criança quando ela tiver 10 anos, na pretensão de juntar R$ 100 mil aos 65 anos, ele deverá guardar R$ 30 por mês – o que dá um real por dia, um valor bastante baixo consideravelmente.
Na intenção de juntar o mesmo valor, aos 65 anos, mas começando aos 40, o valor necessário que seja guardado será mais de R$ 1.700 por mês. Ou seja, quanto mais tempo juntar dinheiro, é possível ter uma regularidade maior no valor e maior facilidade de juntar grandes quantias.
Vale ressaltar que esses cálculos são estimativas, baseados em dados históricos, sem garantias de resultados futuros”, orienta.
Para que tudo seja feito da melhor forma possível, Antônio diz que é preciso procurar alguém que realmente compreenda sobre o mercado financeiro, entenda os melhores momentos de ser mais ousado nos investimentos e principalmente conheça o perfil, os objetivos e ajude a escolher a instituição financeira mais adequada. “É sempre importante analisar os custos, as taxas, alinhamento de perfil, juros que serão pagos, e avaliar friamente.
Não é possível levar em consideração somente o conhecimento de pessoas leigas no assunto ou representantes, pois isso poderá afetar no resultado final.
Além disso, não existem somente os bancos públicos e privados, mas também seguradoras e plataformas digitais que oportunizam condições de investimento bastante atraentes e podem ser uma boa forma de investir, tudo de forma segura”, ressalta.
Investimento e disciplina
O consultor explica que é importante que a pessoa tenha em mente que esse é um investimento para o futuro dela e evite fazer retiradas após ver que há uma quantia de dinheiro investida e tenha outro fundo de reserva para essas situações.
Por exemplo: se uma pessoa possui R$ 400 para realizar um investimento, é perfeitamente aceitável que ela envie R$ 100 para a previdência privada e o restante divida entre um fundo de aplicação que seja de mais fácil alcance, para cobrir custos emergenciais em caso de desemprego, doença, entre outros e também para objetivos futuros, como compra de um imóvel, aquisição de carro novo ou uma viagem.
Antônio diz que o tempo médio para criação dos novos hábitos financeiros ficam em torno de 21 meses, assim a pessoa tem a possibilidade resolver dívidas pendentes, montar um bom fundo emergencial e também começar com a previdência.
Vale ressaltar que quando o contribuinte está atravessando por dificuldades financeiras ou está desempregado, ele pode contribuir com o valor que puder, sempre dando prioridade para cobrir as despesas dos gastos básicos.
Benefícios gerais
A previdência privada oferece ainda alguns benefícios extras para aquele que está investindo. Um deles é poder escolher os beneficiários sem ser questionado e fora dos que estão já resguardados pela lei. Esses podem receber a herança sem necessitar fazer um inventário, pagamento de imposto – já houve casos, mas esses são exceções à regra –, e sem precisar entrar com processo na Justiça para receber a quantia.
Outro benefício são os ganhos fiscais. “Se a pessoa declara de forma correta o imposto de renda, tem um ganho de R$ 100 mil por mês e R$ 12 mil são destinados para o pagamento de uma previdência privada, ele passa a declarar R$ 88 mil reais. Isso acontece porque a cobrança do imposto de renda é feita no final, a partir do recebimento desse dinheiro.
Além do mais, o investidor tem a possibilidade de deixar o dinheiro render até o momento de acertar as contas com o imposto de renda. Sendo assim, quanto mais for investido, maior será o ganho final”, explica.
O caso apresentado acima corresponde à modalidade de previdência PGBL, com dedução de até 12% da base de cálculo do IR - na declaração completa -, IR incide sobre o total resgatado ou renda estabelecida, escolha livre do modelo de tributação e sem incidência de come-cotas.
Há também o modo VGBL, indicado para quem faz declaração simplificada. Nesta o IR incide apenas sobre o ganho de capital no resgate ou renda recebida, a escolha para o modelo de tributação é livre e também não há incidência de come-cotas.
A base de cálculo, alíquota e parcela deduzida do IRPF é feita por renda bruta tributável e respeita uma tabela de sistemáticas possíveis. Esse incentivo é para que no futuro o governo tenha menos pessoas dependendo do valor ofertado pelo INSS, o que pode gerar uma desestabilidade econômica no país.
Fonte: Folha de Campo Largo