O ano de 2022 está terminando e com isso já iniciamos os ensaios informativos para 2023, vide material que selecionamos junto ao nosso parceiro de cambio.
Há ainda muitas incertezas sobre como será a condução econômica do novo governo, embora alguns nomes para as grandes pastas já tenham sido definidos, e isso pode continuar trazendo volatilidade aos principais ativos, sobretudo para a taxa de câmbio.
Além disso, o aumento dos gastos já contratados para 2023 e 2024, e o sugerido perfil expansionista do próximo governo acenderam uma luz amarela para o comportamento futuro da inflação, já que períodos de expansão fiscal tendem a provocar aumento na inflação.
O próprio Banco Central mencionou em sua última Ata do Copom que esse é um dos principais riscos para o cenário prospectivo da inflação.
Com isso, as projeções de inflação para 2023 e 2024 voltaram a subir no relatório Focus do Banco Central, o mercado projeta hoje IPCA de 5,08% para o final do próximo ano e de 3,50% para o final de 2024 (no início deste ano essas projeções estava em 3,38% e 3,00%, respectivamente).
É fato que o IPCA mostrou um recuo importante neste ano, após a forte pressão que vimos ao longo da pandemia. O índice passou de um valor acumulado de 9,26% entre janeiro e novembro de 2021 para 5,13% no mesmo período deste ano.
Parte dessa desaceleração está ligada à alta dos juros; parte é reflexo da queda da taxa de câmbio (o real teve uma valorização média de quase 5,0% ao longo deste ano, comparado ao mesmo período do ano passado); e uma outra parcela à redução de alguns impostos.
Contudo, ainda assim, estamos falando de uma expectativa de inflação de 5,80% para o final de 2022, que é um patamar elevado e bastante acima da meta estabelecida pelo Banco Central (3,50%). Ou seja, há ainda um longo caminho a ser percorrido para atingirmos a meta, e essa é justamente a preocupação, já que o impulso fiscal contratado para 2023 e 2024 e que comentamos no parágrafo anterior, tende a ter um efeito de pressão sobre a inflação.
Assim sendo, acreditamos que o Banco Central mantenha a Selic alta no patamar dos 13,75% por um período prolongado. Por exemplo, as projeções sinalizam que o Banco Central terá espaço para começar reduzir os juros apenas a partir do segundo semestre de 2023.
Para 2024 é possível que o Banco Central tenha uma menor janela de oportunidade para baixar os juros, já que inflação deverá ficar mais pressionada a depender do impulso fiscal que será dado ao longo dos próximos 2 anos.
Juros mais altos por um período mais longo devem prejudicar o ritmo de crescimento da nossa economia, que tanto nos surpreendeu ao longo de 2022. Terminaremos o ano com crescimento do PIB próximo de 3,0%, quando lá no início do ano as projeções eram de um PIB abaixo de 2,0%.
De falto alguns setores da nossa economia surpreenderam positivamente, como foi o caso dos setores de serviço e comércio. Contudo, a indústria segue se arrastando e não há sinais de que teremos fortes investimentos em infraestrutura que possibilitem um crescimento mais robusto. Além disso, os indicadores de confiança voltaram a ceder mais recentemente, com destaque para o indicador de confiança do empresariado.
Empresário pouco confiante no futuro da economia investe menos, contrata menos e a reação em cadeia todos sabem qual é: o país cresce menos. Por conta disso, a expectativa do mercado é de que o PIB de 2023 não chegue a 1,0% e fique próximo disso em 2024.
Por fim, não podemos deixar de mencionar o cenário externo. Os desdobramentos da guerra no Leste Europeu com sanções e aumento nos preços das commodities causaram pressão na inflação das economias centrais. Com isso, países da Zona do Euro e EUA, que não tinham inflação alta há décadas, voltaram a conviver com esse cenário.
O resultado foi o aumento de juros generalizado e, com isso, o risco de recessão global entrou no radar. Hoje, ainda não há uma luz no fim do túnel sobre esse tema, já que a guerra não terminou. Então, a necessidade de aumento nos juros por parte dos banco centrais deve continuar, ainda que em menor intensidade.
Se somarmos a isso a desaceleração da economia chinesa por conta da política Covid-zero adotada no país ao longo deste ano temos um quadro de baixo crescimento global, que impacta diretamente as economias emergentes, e o Brasil, principalmente, já que temos a China e os EUA como nossos principais parceiros comerciais.
Considerando todas essas variáveis citadas acima, está difícil de visualizar um cenário mais ameno para nossa taxa de câmbio. As incertezas do cenário externo somadas ao quadro interno devem manter o nível de risco elevado por aqui. O mercado tem uma estimativa de que o câmbio irá permanecer próximo dos R$5,25 até o final do próximo ano.
Em nosso ponto de vista temos uma vantagem comparativa, que é nosso diferencial de juros. Com o Banco Central mantendo a Selic elevada por mais tempo, nossa taxa de juros continuará sendo uma das mais atrativas do mercado, favorecendo o ingresso de capital estrangeiro, permitindo de certa forma algum alívio no câmbio ao longo do próximo ano, apesar de todos os demais riscos envolvidos. Mas, ainda assim, estamos falando de um nível elevado.
O novo governo terá quatro anos para colocar ordem na casa. Sabemos que é uma tarefa árdua e que não depende somente do Brasil. Somos um país emergente, então, a evolução do cenário externo terá um impacto importante sobre o comportamento futuro da nossa economia.
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Francisco Gomes
CEO | Fairfield BR